sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

SER ESCRAVO:


A escravidão se caracteriza por sujeitar um homem ao outro de forma completa: o escravo não é apenas uma propriedade do senhor, mas também sua vontade está sujeita a autoridade do dono e seu trabalho pode ser obtido ate pela força.
Esse tipo de relação não se limita, pois, a compra e venda da força de trabalho, como acontece, por exemplo, no Brasil de hoje, em que o trabalhador fornece sua força de trabalho ao empresário por um determinado preço, mas mantém sua liberdade formal. Na escravidão, transforma-se um ser humano em propriedade de outro, a ponto de anulado seu próprio poder deliberativo: o escravo pode ter vontade, mas não pode realizá-las.
A escravidão não é recente na historia da humanidade. Já na antiguidade verificamos sua ocorrência. Na Mesopotâmia e no Egito, quando da execução de obras publicas como barragens ou templos, grande numero de trabalhadores era recrutado. Tornavam-se propriedade dos governantes que lhes impunham sua autoridade e determinavam tarefas. Não eram, contudo, vendidos e sua atividade podia cessar quando do fim da construção, retornando os trabalhadores ás suas tarefas anteriores. As relações que estabeleciam com seus proprietários eram eventuais, diferentes daquelas que ocorriam na Grécia, principalmente Atenas e Roma, onde a escravidão era a forma mais característica de extração de trabalho.
Escravos eram comprados ou obtidos, após saques e batalhas e nunca perdiam, á exceção de casos isolados, condição. A organização das sociedades ateniense e romana baseava-se, em grande parte, na existência de escravo que com o seu trabalho, gerava riquezas para elas.
Tão comum era a idéias do escravo na Antiguidade Clássica que Aristóteles, filosofo Grego, costumava dizer que o escravo, por natureza, não pertencia a se mesmo, mas a outra pessoa. Na sua opinião havia pessoas que a natureza destinou a serem livres e outras que foram por elas destinadas a serem escravas. Com isso, o filosofo Grego escondia o caráter principal da escravidão, qual seja, sua historicidade. Ninguém era escravo por que a natureza determinou, mas por força de condições históricas especificas concretas, diferentes em momentos históricos. Nada tem a ver com a natureza, como queria Aristóteles.
De qualquer forma, apogeu de Grécia e Roma, com seu escravismo, pertence ao passado e foram separados por outras formas de organização econômica e social. Por que, então, muitos séculos depois, o escravismo no Brasil? Teria sido retrocesso a forma de produção que ficaram no limbo da historia ou se trata de um outro tipo de escravismo? Nesse caso, quais as condições históricas que propiciaram o aparecimento, aqui, de relações que implicam a sujeição total da vontade de um ser humano pelo outro.

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